Fórum edc 2022 é marcado por uma nova forma de pensar e de fazer negócios
O Fórum edc 2022 aconteceu nos dias 21 e 22 de outubro, com a meta de reunir grupos empresariais, pesquisadores, empreendedores de base e interessados nas novas economias.

Após quase três anos de isolamento social – necessário em virtude da pandemia da Covid-19 – a rede da Economia de Comunhão, composta por lideranças empresariais e de base, pesquisadores, participantes de projetos e interessados em novas economias, se (re)encontrou em São Paulo, nos dias 21 e 22 de outubro, para o Fórum Nacional da Economia de Comunhão 2022 com o tema “Uma nova forma de pensar e fazer negócio: Porque somos comunidade”. No total, 180 pessoas participaram presencialmente e 1.671 participaram via streaming.
Foram dois dias voltados ao diálogo, troca de vivências, palestras e workshops direcionados à reflexão sobre o impacto social, liderança, mudanças climáticas e sobre uma nova forma de fazer negócios, focada em todos os stakeholders, dos colaboradores até a comunidade e a natureza que os rodeia.
Com a participação de profissionais ligados às Novas Economias no Brasil e na América Latina e de relatos concretos das lideranças empresariais e dos participantes de projetos da edc, o Fórum resgatou a força da comunidade, da colaboração e da comunhão para a edificação de um mundo mais justo e regenerativo.
Unidade, troca e prática
Entre e após as palestras, lideranças empresariais, corporativas e de base, da academia e participantes de projetos sociais compartilharam suas vivências dentro da Economia de Comunhão. Como é o caso do Sidinaldo, mais conhecido como Naldo, camponês e Agricultor Familiar do assentamento Flor do Bosque em Alagoas. Ele executa um trabalho coletivo na comunidade que conta com a parceria do Programa de Superação de Vulnerabilidades Econômicas da Economia de Comunhão, o SUPERA, e representou os agricultores da região no Fórum edc 2022. Seu trabalho é realizado em prol da sua comunidade e visa sempre a comunhão e o amor do próximo. Nas suas palavras “Comunidade feliz é aquela que sai do eu para o nós”.

Organização do evento Fórum edc 2022
Elba da Cruz é Empreendedora de Base Comunitária na Bahia, na comunidade de Beiru/Tancredo Neves, em Salvador. A empreendedora conheceu a edc por meio das rodas de conversas promovidas pelo projeto Eu Empreendedor de Mim e seguiu sua jornada de fortalecimento no projeto Ancestralidade Negra e Florescimento do Empreendedorismo. “Foi através da Economia de Comunhão que percebi que posso voar cada dia mais alto. Hoje sou uma nova mulher.”

Elba é Empreendedora de Base da rede edc e foi apresentar sua vivência do Fórum edc 2022.
Jean Santos é pedagogo, educador musical, CEO Siga-me e esta à frente do projeto Ancestralidade Negra e Florescimento do Empreendedorismo. Durante o Fórum, divulgou que o projeto caminha para ter sua própria sede e iniciar novos programas. Ao lado de Jean, participaram nesses dois dias quatro jovens que tocam dezenas, alguns deles centenas, de instrumentos, com o apoio dos grupos musicais desenvolvidos por Jean nas paróquias próximas e na comunidade de Beiru.
Também Camila Catelan, Lina Pimentel e Estevam Duarte compartilharam seus conhecimentos e experiências em busca de uma economia fraterna e de um futuro equitativo para todos e todas. Além disso, no segundo dia de evento os e as participantes tiveram a oportunidade de conhecer o primeiro pólo empresarial da Economia de Comunhão, o Pólo Spartaco, em Cotia, gerido pela ESPRI.SA.
Porque somos comunidade
Tomás De Lara é colíder e cofundador do Cidades+B, uma iniciativa global do movimento de Empresas B, e conselheiro do Sistema B Brasil, e a convite da edc traçou um panorama da temática central do evento, onde abarcou um olhar 360º sobre a presença da comunhão em todos os aspectos da vida humana, da ecologia e do universo.
“Estamos todos juntos, somos uma só vida acontecendo, interagente, em colaboração profunda”, assim Tomás nos mostra o efeito de olhar o planeta como uma unidade de comunhão. Comunhão esta que existe, primeiramente, na Terra e que se alastra para a vida social e para a economia que deve ser praticada no presente.

Jean Santo, pedagogo, educador musical e um dos responsáveis pelo projeto Ancestralidade Negra e Florescimento do Empreendedorismo.

Jovens musicista de Beiru/Tancredo Neves e o Mestrando Caio Souza no violão.
Também Camila Catelan, Lina Pimentel e Estevam Duarte compartilharam seus conhecimentos e experiências em busca de uma economia fraterna e de um futuro equitativo para todos e todas. Além disso, no segundo dia de evento os e as participantes tiveram a oportunidade de conhecer o primeiro pólo empresarial da Economia de Comunhão, o Pólo Spartaco, em Cotia, gerido pela ESPRI.SA.
Porque somos comunidade
Tomás De Lara é colíder e cofundador do Cidades+B, uma iniciativa global do movimento de Empresas B, e conselheiro do Sistema B Brasil, e a convite da edc traçou um panorama da temática central do evento, onde abarcou um olhar 360º sobre a presença da comunhão em todos os aspectos da vida humana, da ecologia e do universo.
“Estamos todos juntos, somos uma só vida acontecendo, interagente, em colaboração profunda”, assim Tomás nos mostra o efeito de olhar o planeta como uma unidade de comunhão. Comunhão esta que existe, primeiramente, na Terra e que se alastra para a vida social e para a economia que deve ser praticada no presente.

Tomás De Lara no Fórum edc 2022.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), trazido pelo conselheiro, mostrou a trajetória histórica do aquecimento global. De acordo com os dados, as projeções indicam um aquecimento de 2,4ºC até 2030 e não os esperados 1,5ºC. Um número preocupante e causado por atitudes do sistema econômico vigente que visa exclusivamente o lucro. “Isso é trágico para a natureza e para a crise climática”, explica.
Tomás complementou que nosso problema é que o modelo econômico atual está baseado em um modelo infinito, mas o nosso planeta é finito. Temos uma economia linear, no lugar de circular. Daí o impacto de construir uma economia baseada na comunhão, que enxergue a obrigatoriedade de traçar mudanças empresariais no presente, para que no futuro tenhamos recursos disponíveis em vista do bem comum e da permanência do sistema de regeneração da vida e da sociedade.

“O desafio é muito grande e ele nos faz pensar na colaboração e na comunhão como nunca, por isso a importância desse momento que a gente vive.”
Uma nova forma de pensar e construir um mundo melhor
Com vasta trajetória no apoio a empreendedores sociais e no campo das Organizações da Sociedade Civil (ONG ‘s), Célia Cruz é Diretora Executiva do Instituto de Cidadania Empresarial, desde 2012 e presença central no Brasil na construção do que chamamos de Ecossistema das Novas Economias. Hoje, ela se denomina uma “ex-conomista”, pois deixou para trás muitos caminhos e, no lugar, olhou para outras inovações sociais que estão acontecendo.
“Eu trabalhava com captação de recursos em ONG’s […] e tive o privilégio de participar do movimento que estava criando o primeiro curso de gestão de ONG’s do Brasil em 1995. Então, apesar da gente ter ONG’s há mais de 500 anos neste país, gestão profissionalizada e capacitação de pessoas para trabalhar no terceiro setor é recente”, diz a ao recordar seu caminho na construção de novas formas de pensar e construir um mundo melhor.

Célia Cruz e Maure Pessanha compartilham sua trajetória com participantes do Fórum.
Cofundadora e Presidente do conselho da Artemísia, organização pioneira do ecossistema da Novas Economias, onde atua desde 2007, Maure Pessanha é precursora na agenda dos Negócios Sociais e Negócios de Impacto do Brasil. Seu sonho na juventude era abrir uma escola de pedagogia democrática e decidiu cursar Administração de Empresas para auxiliá-la neste processo. Entretanto, só começou a apreciar o curso quando uma professora a apresentou ao conceito do Terceiro Setor, ainda nos anos 2000.